Sabe o Lobato? Maior zé vacilo! Racista de mão cheia!
Acha que é caô?
Ah! Pode crer! Posso ser só mais um querendo aparecer.
Blz! Mas, então desenrola aí com o que o próprio Lobato Escrevia. E se depois
disso vier com papo de “homem do seu tempo”, tudo bem também. Mas, assuma seu
lado racista. Assuma que quem é fã de
carteirinha e defensor de Lobato (com o
papo de “o homem do seu tempo – argumento vazio, pra não dizer vergonhoso) é de
um posicionamento sinistro mano.
Ah! Tem quem diga: Mas, não to defendendo Lobato, to
defendendo a obra dele ...(blá, blá, blá)
Só não dá pra manter todos esses
argumentos e dizer no final desse texto que não é racista e não é eugenista (ideia
que Lobato defendia muito bem). Até aqui, você que me lê na intenção de
defender o “grande escritor brasileiro” pode até não saber bem o que está fazendo (eu disse até
aqui). Já o autor endeusado pela educação nacional
não perdeu tempo. Atividade aí no papo do Sodré:
Monteiro Lobato – escritor
infantojuvenil (logo, um educador heterodoxo) de maior sucesso em sua época e
depois, para quem era difícil “ser gente no concerto dos povos” com negros
africanos criando aqui “problemas terríveis” – dizia em carta ao amigo
Godofredo Rangel que “a escrita é um processo indireto de fazer eugenia e, no
Brasil, os processos indiretos “work” muito mais eficientemente”.
Lobato era um militante do
movimento eugenista. “Processo indireto” é, para ele, o racismo sem doutrina
gritada, da cordialidade patronal ao paternalista ( tanto em que seus textos
ficcionais se pode encontrar um ambíguo afeto para com os negros) e presente de
modo oblíquo nos discursos, que transitaram de fins do século XIX até o
terceiro milênio. Esses discursos, que atingem a consciência infantil com toda
a carga emocional dos estereótipos, recalcam a importante história da
participação de negros e mulatos nas técnicas, artes e letras de elevado
alcance simbólico na sociedade brasileira. (SODRÉ. 2012: 134)
Monteiro Lobato, além
de ter sido militante do movimento eugenista foi admirador e parceirão do pai
da eugenia no Brasil. Tá ná dúvida?
Vê o link:
Mas, na moral : “Racismo é racismo,
ponto. Temos que combatê-lo”(RAMOS, 2017:73). E, é opondo-se a ele e toda
estrutura nacionalmente racializada que tamô aí! Pra além disso, é estranho ver pessoas defendendo o que o próprio Lobato nunca quis esconder. Esquisto isso! Mas, vamos observar agora trechos de algumas obras :
Eu poderia ter parado aqui na "negra de estimação". Dá pra dizer que isso é sem querer? O que chamamos de estimação na nossa casa? Ou pensemos ainda, dá pra dizer que é só birra de uma boneca sem educação e desbocada falando? Mas, adiante:
"Sinhá" era como uma escravizada deveria se referir a uma branca, "dona" da escravizada. Se a personagem Tia Anastácia não era escrava de D. Benta qual motivo faz com que o autor use a palavra "sinhá" no texto como uma fala da Tia Anastácia? Algo normal da época?
Deve ter gente pensando que to implicando com um clássico, tipo "quem é esse aí zoando Lobato"?
Mas, continua vendo:
Mas, continua vendo:
Sobre esse trecho? Pensa aí! Porque na próxima imagem veremos só mais uma brincadeira da boneca de pano. E foram esses textos que ajudaram e ajudam a formar o imaginário infantil e juvenil através da literatura.
Bom quem quiser defender, que defenda ! E só pra lembrar que essa discussão não é nova (já dava pra ter parado de passar vergonha e exalar racismo pelos poros antes). Olha o que se discutia em 2011:
Pois, quem trabalha ou é da família e/ou entende Lobato como clássico da literatura vai continuar defendendo mesmo. Destaco aqui um posicionamento importante para crianças afro-brasileiras.Uma vez que não há professorxs preparadxs para fazer a abordagem de forma crítica. "Obras" como as citadas aqui não devem ser apresentadas.
Ah! Pra fechar, um exemplo. Um professor de uma das escolas as quais trabalho colocou uma das obras citadas aqui para serem trabalhadas. O trabalho de conscientização não foi feito por ele. Tive a oportunidade de ler trechos da obra aos estudantes, a turma já havia lido o livro. E somente uma aluna da turma relatou ter sentido que algo não estava bem nos trechos racistas. A aluna é negra. Expor nossas crianças e jovens a esse tipo de material sem conversa sobre e querer assimir o que Lobato sempre assumiu. Pois dizia ele que: “a escrita é um processo indireto de fazer eugenia e, no Brasil, os processos indiretos “work” muito mais eficientemente”.
ALGUMAS REFERÊNCIAS:
RAMOS, Lázaro. Na minha pele. Rio de Janeiro.
Editora Objetiva. 2017.
SODRÉ, Muniz. Reinventando
a educação: diversidade, descolonização e redes. Petrópolis, RJ.
Vozes.
2012.
LOBATO, Monteiro. O Minotauro. São Paulo. Globo 2010.
Carlos Carvalho
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