terça-feira, 7 de janeiro de 2020

PPRT! Educação pra quem?




Aqui, na primeira postagem de vinte vinte, temos um convite. Na verdade uma provocação! Mas, só um gostinho de uma discussão um pouco mais ampla(mesmo sendo breve). Pois, partindo dos conceitos de educação de Brandão(2013) e Paulo Freire(2018) pretendemos colocar interrogações, reflexões sobre o que está sendo vivido/lido/sentido/pensado por profissionais e estudantes do campo da pedagogia perpassando por uma breve abordagem da educação, da escola e do que essas palavras podem realmente significar ao estudarmos fragmentos da história do ensino formal no Brasil. Não esqueça de citar a fonte se usar em seus trabalhos escolares e boas reflexões! 


 EDUCAÇÃO? PEDAGOGIA? ENSINO FORMAL?

O fazer educação exige um pensar educação. Não pode haver separação entre eles. Teoria se faz ao escrever, sistematizar as práticas, bem como um resultado de determinado estudo, pesquisa, prática sistematizada pode auxiliar educadoras, educadores e educandos espalhados pelo mundo. Mas, peraê!!! Educação é o que mesmo? Educadores/as? Educandos? É muita questão!!! Iniciemos com Brandão(2013) trazendo pra gente um papo sobre como se faz a educação escolar. Abraça o papo:
A educação da comunidade de iguais, que reproduzia em um momento anterior a igualdade, ou a complementariedade social, por sobre diferenças naturais, começa a reproduzir desigualdades sociais por sobre igualdades naturais, quando aos poucos usa a escola, os sistemas pedagógicos e “as leis do ensino” para servir ao poder de uns poucos sobre o trabalho e a vida de muitos (BRANDÃO. 2013: 35-36)
Se liga no que esse cara tá dizendo. Pensemos as comunidades tradicionais indígenas e africanas como “comunidade de iguais”, por exemplo! Os saberes são para todos. Sem hierarquia social. Sem escola além da vida. Logo, sem ensino formal. Hum! Já deu pra perceber que vem caô ai! Já tem uma confusão formada! E é essa parada mesmo. A situação aqui  proposta consiste em provocação para estudantes profissionais de educação em geral, profissionais atuantes em ambientes formais de educação e simpatizantes. Mas, ambiente formal? “ensino formal? Que bagulho é esse? Volta Brandão(2013). Desenrola aí:
O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da educação), cria situações próprias para o seu exercício, produz os seus métodos, estabelece suas regras e tempos e constitui executores especializados. É quando aparecem a escola, o aluno e o professor(BRANDÃO, 2013:27)
Bom até aqui a questão do surgir da organização escolar, do ensino formal tá rolando? Compreendido? Ao refletirmos sobre “o momento em que a educação  se sujeita à pedagogia” e o que antecede esse tempo que é a “educação na comunidade de iguais” já há indagações o suficiente para buscarmos mais bases pra essa conversa. E, sim! Vamos ampliar! Falando em pedagogia, bora destacar esse conceito aqui. Primeiramente com a obra História da Educação e da Pedagogia – geral e do Brasil de Maria Lúcia Aranha (2006) que destaca:
 a palavra paidagogos nomeava inicialmente o escravo que conduzia a criança, com o tempo, o sentido do conceito ampliou-se para designar toda teoria sobre educação. Ao discutir os fins da paideia os gregos esboçaram as primeiras linhas conscientes da ação pedagógica e assim influenciaram por séculos a cultura ocidental .(ARANHA, 2006: 67- 68)
Ora bolas, em nossas palavras iniciais discorremos sobre prática e teoria da educação. Ou seja, nossas primeiras frases são pedagogia pura! Mas, para além, tem uma outra visão que pode dar um caldo no nosso papo, como destaca o professor Muniz Sodré no trabalho intitulado Reinventando a Educação(2012):
Dizer que pedagogia é discurso implica que as práticas educativas se manifestam sob forma racionalmente linguística, podendo ser assim tanto objeto quanto sujeito de discurso. Ironiza Nietzsche num aforismo: “ Na Alemanha, somente há três tipos de profissões que falam muito: o mestre-escola, o pastor e a ama de leite”. Por meio do discurso pedagógico, a educação, no limite, fala de si mesma. E pode falar tanto de tal maneira que a pedagogia não raro envereda conceitualmente pelos caminhos de uma “teoria do ensino”, independente daquilo que se tem a ensinar. O discurso de algum modo “emancipa” o professor do conteúdo disciplinar específico, levando-o à capacidade suposta de “ensinar qualquer coisa”.(SODRÉ. 2012: 112-113)
 Ih gente!!!  Embolou o meio de campo? Calmaê! Esse papo de  pedagogia como teoria da educação e/ou como discurso nos coloca diante de um entendimento no qual ela(a pedagogia) é indispensável a prática educativa, sendo  teoricamente discursos montados para pensar educação(O que?), pedagogia(por que?) e chegar no ensino formal/na escola(pra quem?).
Mas, se em algum momento observaram o acumulo de conhecimentos/informações e criaram uma ciência para organizar formas de passar esses conhecimentos e informações adiante ou não, não poderia faltar o local no qual essas informações e/ou conhecimentos seriam ensinados ou escondidos. Logo academia, vulgo escola. Se tem escola, tem lei educacional. Então, vamos trazer pra esse desenrolo também as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica  que no texto da página 109 já inicia nossos apontamentos, uma vez que queremos provocar “ESCOLA?EDUCAÇÃO PRA QUEM?”. Vamos às Diretrizes:
As maiores desigualdades educacionais são encontradas entre ricos e pobres, mas elas também são grandes entre brancos, negros e outros grupos raciais e estão, por sua vez, particularmente relacionadas à oferta educativa mais precária que restringe as oportunidades de aprendizagens das populações mestiças e negras, ribeirinhas, indígenas, dos moradores das áreas rurais, das crianças e jovens que vivem nas periferias urbanas, daqueles em situações de riscos, das pessoas com deficiência, e dos adolescentes, jovens e adultos que não puderam estudar quando criança.(BRASIL, MEC, 2013).
E já mergulhando nessa parada, nesse pik aí, em tal perspectiva, adiante, vamos manter nossa a reflexão sobre desigualdade e escola na cidade do Rio de Janeiro  a partir de um episódio de mais de um século de história da educação brasileira mostrando sobre como aplicações de testes educacionais, nos quais  as escolas estavam inseridas nas décadas de 1920 e 1930,  balizavam  observações sobre como brancos e não-brancos,  ricos e pobres tinham  acesso  às  unidades escolares à época. Para investigarmos as origens das desigualdades sócio-raciais no âmbito escolar na realidade brasileira, especialmente da capital fluminense, recorreremos à  afirmação de Jerry Dávila (2006) em seu trabalho intitulado Diploma de Brancura, na página 207:
(...) as escolas da cidade estavam concentradas ao redor do centro e nos bairros nobres adjacentes da Zona Sul. Nos subúrbios, onde fica maior parte dos habitantes da cidade – os pobres e em geral não brancos – moravam, as escolas públicas eram raras. Nas favelas não havia escolas até a década de 1930. 
 O autor,  fortalecendo as ideias  sobre oportunidades de acesso à educação formal, pergunta : “Quem era o excluído?”(DÁVILA, 2006: 205)  O excluído do acesso à educação  se enquadra, por exemplo :  na categoria dos  “pobres” e  “negros”,  que recebiam à época “oferta educativa mais precária”, sendo eles ainda  “crianças e jovens que vivem nas periferias urbanas” “em situações de riscos”. Então ? EDUCAÇÃO PRA QUEM?
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