Aqui, na primeira postagem de vinte vinte, temos um convite. Na verdade uma provocação! Mas, só um gostinho de uma discussão um pouco mais ampla(mesmo sendo breve). Pois, partindo dos conceitos de educação de Brandão(2013) e Paulo
Freire(2018) pretendemos colocar interrogações, reflexões sobre o que está
sendo vivido/lido/sentido/pensado por profissionais e estudantes do campo da
pedagogia perpassando por uma breve abordagem da educação, da escola e do que
essas palavras podem realmente significar ao estudarmos fragmentos da história
do ensino formal no Brasil. Não esqueça de citar a fonte se usar em seus trabalhos escolares e boas reflexões!
EDUCAÇÃO?
PEDAGOGIA? ENSINO FORMAL?
O fazer educação exige um
pensar educação. Não pode haver separação entre eles. Teoria se faz ao
escrever, sistematizar as práticas, bem como um resultado de determinado
estudo, pesquisa, prática sistematizada pode auxiliar educadoras, educadores e
educandos espalhados pelo mundo. Mas, peraê!!! Educação é o que mesmo?
Educadores/as? Educandos? É muita questão!!! Iniciemos com Brandão(2013)
trazendo pra gente um papo sobre como se faz a educação escolar. Abraça o papo:
A educação da comunidade de iguais, que reproduzia em um momento
anterior a igualdade, ou a complementariedade social, por sobre diferenças
naturais, começa a reproduzir desigualdades sociais por sobre igualdades
naturais, quando aos poucos usa a escola, os sistemas pedagógicos e “as leis do
ensino” para servir ao poder de uns poucos sobre o trabalho e a vida de muitos (BRANDÃO.
2013: 35-36)
Se liga no que esse cara tá
dizendo. Pensemos as comunidades tradicionais indígenas e africanas como
“comunidade de iguais”, por exemplo! Os saberes são para todos. Sem hierarquia
social. Sem escola além da vida. Logo, sem ensino formal. Hum! Já deu pra
perceber que vem caô ai! Já tem uma confusão formada! E é essa parada mesmo. A
situação aqui proposta consiste em
provocação para estudantes profissionais de educação em geral, profissionais
atuantes em ambientes formais de educação e simpatizantes. Mas, ambiente
formal? “ensino formal? Que bagulho é esse? Volta Brandão(2013). Desenrola aí:
O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da educação), cria
situações próprias para o seu exercício, produz os seus métodos, estabelece
suas regras e tempos e constitui executores especializados. É quando aparecem a
escola, o aluno e o professor(BRANDÃO, 2013:27)
Bom até aqui a questão do
surgir da organização escolar, do ensino formal tá rolando? Compreendido? Ao
refletirmos sobre “o momento em que a educação
se sujeita à pedagogia” e o
que antecede esse tempo que é a “educação na comunidade de iguais” já há
indagações o suficiente para buscarmos mais bases pra essa conversa. E, sim!
Vamos ampliar! Falando em pedagogia, bora destacar esse conceito aqui.
Primeiramente com a obra História da
Educação e da Pedagogia – geral e do Brasil de Maria Lúcia Aranha (2006)
que destaca:
a palavra paidagogos nomeava inicialmente o
escravo que conduzia a criança, com o tempo, o sentido do conceito ampliou-se
para designar toda teoria sobre educação. Ao discutir os fins da paideia os gregos esboçaram as primeiras
linhas conscientes da ação pedagógica e assim influenciaram por séculos a
cultura ocidental .(ARANHA, 2006: 67- 68)
Ora bolas, em nossas palavras
iniciais discorremos sobre prática e teoria da educação. Ou seja, nossas
primeiras frases são pedagogia pura! Mas, para além, tem uma outra visão que
pode dar um caldo no nosso papo, como destaca o professor Muniz Sodré no
trabalho intitulado Reinventando a Educação(2012):
Dizer que pedagogia é discurso implica que as práticas educativas
se manifestam sob forma racionalmente linguística, podendo ser assim tanto
objeto quanto sujeito de discurso. Ironiza Nietzsche num aforismo: “ Na
Alemanha, somente há três tipos de profissões que falam muito: o mestre-escola,
o pastor e a ama de leite”. Por meio do discurso pedagógico, a educação, no
limite, fala de si mesma. E pode falar tanto de tal maneira que a pedagogia não
raro envereda conceitualmente pelos caminhos de uma “teoria do ensino”,
independente daquilo que se tem a ensinar. O discurso de algum modo “emancipa”
o professor do conteúdo disciplinar específico, levando-o à capacidade suposta
de “ensinar qualquer coisa”.(SODRÉ. 2012: 112-113)
Ih gente!!! Embolou o meio de campo? Calmaê! Esse papo
de pedagogia como teoria da educação
e/ou como discurso nos coloca diante de um entendimento no qual ela(a
pedagogia) é indispensável a prática educativa, sendo teoricamente discursos montados para pensar
educação(O que?), pedagogia(por que?) e chegar no ensino formal/na escola(pra
quem?).
Mas, se em algum momento
observaram o acumulo de conhecimentos/informações e criaram uma ciência para
organizar formas de passar esses conhecimentos e informações adiante ou não,
não poderia faltar o local no qual essas informações e/ou conhecimentos seriam
ensinados ou escondidos. Logo academia, vulgo escola. Se tem escola, tem lei
educacional. Então, vamos trazer pra esse desenrolo também as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica que no texto da página 109 já inicia nossos
apontamentos, uma vez que queremos provocar “ESCOLA?EDUCAÇÃO PRA QUEM?”. Vamos
às Diretrizes:
As maiores desigualdades educacionais são encontradas entre ricos e
pobres, mas elas também são grandes entre brancos, negros e outros grupos
raciais e estão, por sua vez, particularmente relacionadas à oferta educativa
mais precária que restringe as oportunidades de aprendizagens das populações
mestiças e negras, ribeirinhas, indígenas, dos moradores das áreas rurais, das
crianças e jovens que vivem nas periferias urbanas, daqueles em situações de
riscos, das pessoas com deficiência, e dos adolescentes, jovens e adultos que
não puderam estudar quando criança.(BRASIL, MEC, 2013).
E já mergulhando nessa parada, nesse pik aí, em tal perspectiva,
adiante, vamos manter nossa a reflexão sobre desigualdade e escola na cidade do
Rio de Janeiro a partir de um episódio
de mais de um século de história da educação brasileira mostrando sobre como aplicações
de testes educacionais, nos quais as
escolas estavam inseridas nas décadas de 1920 e 1930, balizavam observações sobre como brancos e não-brancos, ricos e pobres tinham acesso às unidades escolares à época. Para investigarmos
as origens das desigualdades sócio-raciais no âmbito escolar na realidade
brasileira, especialmente da capital fluminense, recorreremos à afirmação de Jerry Dávila (2006) em seu
trabalho intitulado Diploma de Brancura, na página 207:
(...) as escolas da cidade estavam concentradas ao redor do centro
e nos bairros nobres adjacentes da Zona Sul. Nos subúrbios, onde fica maior
parte dos habitantes da cidade – os pobres e em geral não brancos – moravam, as
escolas públicas eram raras. Nas favelas não havia escolas até a década de
1930.
O autor, fortalecendo as ideias sobre oportunidades de acesso à educação
formal, pergunta : “Quem era o excluído?”(DÁVILA, 2006: 205) O excluído do acesso à educação se enquadra, por exemplo : na categoria dos “pobres”
e “negros”,
que recebiam à época “oferta educativa mais precária”, sendo
eles ainda “crianças e jovens que vivem nas periferias urbanas” “em situações de
riscos”. Então ? EDUCAÇÃO PRA QUEM?
STOP! Calma! Quer continuar o texto, a discussão?
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