Pensar a participação na primeira FLIP Preta, organizada entre outros, pelo coletivo Articula Preta e pela galera do Quilombo do Campinho(local onde aconteceu o evento) é refletir também sobre toda a importância desse evento para a cidade de Paraty, para os/as artistas afro-brasileiros/as que lá estiveram apresentando seus trabalhos diante de uma atmosfera acolhedora, muito significativa e carregada de ancestralidade. Além disso, não podemos esquecer o significado e simbologia da palavra quilombo para o povo preto. Quilombo é resistência, assim como a arte negra tem sido ao longo desses tempos.
Em um dos comentários em minhas postagens nas redes sociais, uma pessoa me parabenizava pela participação na FLIP dizendo que meu talento não dependia de cor e de raça. Ela, certamente não entendeu nada! Pois, existe um propósito na minha forma de caminhar artisticamente. Seja como músico, professor ou escritor, como afro-brasileiro que sou, em permanente processo de desenvolvimento da consciência negra é que sei que minha arte não é minha. Pois, muitos morreram na batalha antes para que hoje eu pudesse dar continuidade. Trata-se de um compromisso com ancestral A cada instrumento musical e ritmo tocado. Sempre digo isso em palestras e rodas de conversas as quais trabalho e participo. A intenção é deixar evidente que esse trampo só rola pela compreensão, pelo letramento, pela leitura completa dessa sociedade na qual estamos inseridos e pela minha obrigatoriedade em realizá -lo.
Voltando diretamente a participação na FLIP Preta, ao Quilombo do Campinho, o que rolou por lá foi uma troca muito boa de energia com a criançada, uma oficina musical, a contação de história do livro e no bate papo, na conversa com adultos falei sobre o caminhar artístico do projeto Música & Letramento, de como o livro Xavier foi importante na complementação do projeto e dos desafios e oportunidades de ser um artista afro-brasileiro preocupado com a questão de um país racializado.
A galerinha tocou instrumentos ancestrais como o agogô ou o Djembe, cantou em ritmos como Afoxé, maculelê, pagode e samba e aguçou a curiosidade durante a contação de história do livro Xavier.
Para a toda organização da FLIP Preta 2019 deixo um grande agradecimento por poder participar do momento único de construção da primeira FLIP Preta, por viver momentos de troca tão intensa e significativa na vida. A cada olhar e sorriso. Agradeço a professora Rita do Coletivo Articula Preta pelo convite e parceiria. Agradeço a geral que soma no trampo entendendo de que forma cada qual precisa se comportar no fazer diário de uma educação inclusiva, antirracista.
#musicaeletramento
#educacaoantirracista
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