O que Sodré pretende com tal trabalho é colocar um pensamento diante de uma dialogia. Um pensamento no qual se pretende a conversa entre diferentes saberes anulando a régua eurocêntrica de saber. Pois, o autor coloca um pensamento africano que a partir principalmente da religiosidade de matriz africana se reterritorializou nas bandas de cá.
Tal saber se coloca elaborando e reelaborando a existência do pensamento nagô diante de objetos concretos e abstratos da cultura. Sobre isso, a língua enquanto objeto abstrato da cultura mantém viva as experiências nagôs não só nos territórios dos povos nagô, mas também nas diásporas diante do processo de colonizacao/desumanização. Porque para Sodré pensar nagô é “o ato de pensar-vivendo(e
não viver pensando), isto é, sem intelectualizar ou fazer do pensamento uma
esfera cognitiva à parte da vida comum” (SODRÉ, 2017: 94). Pois, já colocado aqui a não dualidade mente/corpo, matéria/ideia. O que muitas vezes eurocentricamente é visto como separado, no pensamento nagô não se separa, mas se une, se completa no complemantar de interpretação e ações da vida cotidiana balisada na ancestralidade. Uma vez que
Quando
consegue, por intermédio de elaborações intelectivas e afirmativas, a tradição
negra insere-se historicamente na formação social brasileira para oferecer, em
termos éticos ou religiosos, outra cosmovisão da vicissitude civilizatória do
escravo e seus descendentes. (SODRÉ. 2017:172)
O desenrolo do Sodré é vasto. Há muitas trocas. Terá gente para concordar em alguns momentos e discordar em outros momentos da leitura! Mas, aqui pra nós a questão é qual é o desenrolado entre o Pensar Nagô e o Escola de Funk?
Entendemos o funk como uma linguagem. Mais pra frente a gente vai desenrolando isso melhor. Sendo breve, o que esta sendo chamado pelo Sodré de pensamento nagô atravessou tempos por uma essência de comunicação de toques de tambor e palavras, entre outras subjetividades e objetos culturais que compõe a linguagem. E se a língua, a palavra é espírito de um povo que ainda atualmente existe e resiste à colonização das mentes em seus modos de vida, a música é forma de comunicação ancestral diante de uma cultura histórica capaz de manter a essência dos modos de existir diante da ideia de humano nagô. Pegou a visão?
É desenrolado que segue!
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