terça-feira, 14 de setembro de 2021

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL -2013

 


A Educação Infantil pode ser compreendida como processo social de troca e interação politicamente organizado (1988) em instituições públicas ou privadas, oferecido ao público dos zero aos cinco anos de idade. Mas, vale lembrar que a infância é o período do ser humano do zero aos doze anos(ECA1990). A educação consiste na troca de saberes entre indivíduos ou grupos de indivíduos. Logo, é um espaço favorecedor da troca entre crianças e adultos, adultos e adultos e crianças e crianças. Ao longo dos tempos tal processo vem sendo cada vez mais estudado e organizado no caso do Brasil, pelo poder público através de muitos documentos. Por isso, será exposto aqui as visões de currículo, criança e o fazer docente da primeira etapa da educação básica diante da resolução nº5 de 17 de dezembro de 2009.

Trata-se de um documento de conhecimento e uso obrigatório por profissionais de Educação Infantil em todo território nacional com o objetivo de fundamentar as práxis diante de projetos pedagógicos, projetos políticos pedagógicos e visões de instituições de educação. Tal resolução foi publicada em 2010 como Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.  E em 2013 como: Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil dentro de uma publicação maior, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL: 2013). Na publicação de 2013 da página 80 até a página 101 o documento aborda assuntos diante dos subtítulos: histórico, identidade do atendimento na Educação Infantil,  a função sociopolítica e pedagógica, uma definição de currículo, a visão de criança, princípios básicos, objetivos e organização curricular, parceria com as famílias, experiências e aprendizagens na proposta curricular e processo de avalição e acompanhamento da continuidade do processo de educação.

Já de início destacaremos das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a página 86, com a definição de currículo da Educação Infantil. Pois, no RCNEI(1998) a abordagem foi focada no conteúdo e objetivo. O cuidar e o educar para a criança deixou evidente que não há como cuidar e educar sem a existência de um currículo. E

O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico. Tais práticas são efetivadas por meio de relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores e as outras crianças, e afetam a construção de suas identidades.

Podemos sintetizar a definição de currículo,  compreendendo currículo como agrupamento de costumes, normas, condutas e hábitos  que fazem parte de uma totalidade cultural, social, histórica, combinados, planejados diante da vivência e dos “saberes das crianças” para balizarem as interações sociais no ambiente formal de aprendizagem.  

Seguimos, de lá das “Diretrizes”(2013), deslocando para cá mais algumas visões e conceitos aos quais não podem faltar neste trabalho. E após apresentar a visão de currículo pensemos a visão de criança. Até porque esse currículo é preparado para atender a esse ser que “é sujeito histórico de direitos que se desenvolve nas interações, relações práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere.”(BRASIL 2013. p. 86). A visão de criança colocada no documento está alinhada com a concepção de criança do RCNEI(1998) quando afirma que a criança

como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca.(RCNEI. 1998: p.21)

 O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil(RCNEI-1998) é um documento de mais de vinte anos. E está sendo citado agora para percebemos a não mudança na visão de criança de um documento para o outro. Sendo tanto a concepção de criança do RCNEI(1998) quanto a da Diretrizes(2013)  uma visão não  inata, não correspondente da pura sementinha de Froebel, não é a “criança que se desenvolve de dentro pra fora” de Pestalozzi, é oposta a visão do sujeito que nasce bom e é corrompido pela sociedade de Rousseau. A visão colocada aqui é do sujeito que aprende e ensina na interação com a natureza e os outros.  Uma vez que para a ideia, visão, concepção de crianças das Diretrizes (2013),

Suas capacidades para discriminar cores, memorizar poemas, representar uma paisagem através de um desenho, consolar uma criança que chora etc., não são constituições universais biologicamente determinadas e esperando o momento de amadurecer. Elas são histórica e culturalmente produzidas nas relações que se estabelecem com o mundo material e social mediadas por parceiros mais experientes. (p.86)

E, para esse ser histórico, social, cultural a proposta curricular precisa considerar as culturais infantis e os espaços, os ambientes formais de aprendizagens. Por isso, docentes de Educação Infantil “necessitam articular condições de organização dos espaços, tempos, materiais, e das  interações nas atividades para que as crianças possam expressar sua imaginação nos gestos, no corpo, na oralidade e/ou na língua de sinais, no faz de conta, no desenho e em suas primeiras formas de escritas.”(p.93). A partir das ações de todas as pessoas profissionais de Educação Infantil balizadas nesses documentos  vislumbra-se chegar, alcançar, atingir  o objetivo,  a finalidade da Educação Infantil interpretada nas Diretrizes(2013) ao citar o Art. 29 da LDB 9.394/96 como “o desenvolvimento integral da criança de zero a cinco anos de idade em seus aspectos físico, afetivo, intelectual, linguístico e social(...)” (p.83) adicionando a atividade, o trabalho da “família e da comunidade”.

Além das concepções de Educação Infantil, currículo, criança, docentes aqui citadas o documento aborda ainda temas como concepções de propostas pedagógicas, objetivos da proposta pedagógica, organização(do espaço-tempo e materiais), proposta pedagógica e diversidade, propostas pedagógicas e crianças indígenas, propostas pedagógicas e crianças do campo, práticas pedagógicas da educação infantil, avaliação, articulação com o ensino fundamental, implementação das diretrizes pelo ministério da educação e o processo de concepção e elaboração das diretrizes.

 

Os documentos de referência foram:

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010.

Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica/Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

 

Prof. Carlos Carvalho 


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