domingo, 24 de outubro de 2021

Música & Letramento - 10 anos

 O processo, projeto Música & Letramento completa em 2021 dez anos! Alguns diriam "uma década" outros "um decênio". Rsrsrs !

São muitas as batalhas, a cada segundo! Desde as primeiras ideias do Escola de funk(2010/2011) até aqui na continuidade do próprio Escola de Funk, no surgir do Música & Letramento, no estudo e reflexão dos conceitos,  na caminhada de compositor e arranjador e na mais nova tarefa de "roteirista", escritor, após as publicações formais dos livros Xavier(infantil 2016) e Música & Letramento(2018) e no processo dos vídeos do boneco Xavierzin no canal do youtube.

Por falar em canal no youtube...



Parte do resultado desse acumulo das trocas pode ser conferida no trabalho Música & Letramento - Viagem sonora do Xavierzin que está disponível no canal do youtube #musicaeletramento  desde o dia 27 de setembro de 2021. 

O video é parte de uma contrapartida do Prêmio Arte e Escola (Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro - SMC) de 2020. O prêmio é integrante da Lei Aldir Blanc. A lei 14.017/20 foi um projeto, proposta da Deputada Federal Benedita da Silva, pensada para a distribuição de renda de caráter emergencial  para artistas, fazedores de cultura diante da pandemia do covid19.  Sonoramente participaram do vídeo os irmãos e músicos Marcelo Carvalho, Ricardo Karvalho e Davi Sales aos quais agradeço muito pela parceria e tenho muita admiração. 

Diante disso, a possibilidade de deixar um registro de áudio e vídeo do processo Música & Letramento (das composições, do Escola de Funk e das narrativas através do som) foi se desenhando na medida em que as ações de contrapartida do projeto não poderiam ser na modalidade presencial pelo não funcionamento das escolas e casas de cultura da cidade. 

Fato é : São 10 anos nas práxis dentro e fora dos muros das instituições formais e não formais de educação. 10 anos de muito aprendizado, muito desenrolado. As incessantes trocas de saberes, por muitas vezes sem palavras, no olho no olho buscando o entendimento o que é educação, qual é a sociedade em que estamos inseridos e pensado no fazer educativo diferenciado mirando qual sociedade queremos. Mas, não inventamos a roda! Não criamos um grande feito. O tempo traz compreensão, amadurecimento e a percepção de que precisamos caminhar cada vez mais em busca de uma harmonia, uma relação horizontal que deve começar com a gente mesmo para partir para a relação com os outros. Várias foram as bases, outras deixaram de ser, novas bases se firmaram... vários documentos! Muitos momentos de acertos e a certeza de que a caminhada precisa continuar. A avaliação é constante por aqui. Pois parte do pensar vivendo(Sodré 2017). Nosso trampo se justifica também "aos nossos ancestrais por todas as lutas que nos fizeram chegar até aqui!"(Carvalho, 2017). E a gente segue fazendo a leitura completa que é pensar sobre "o que se vê, o que se lê, o que faz, o que se ouve" (Carvalho, 2018). 

O tempo passa, nosso compromisso aumenta! Seguem às práxis, sempre buscando a harmonia, a horizontalidade através dos gestos, palavras, vibrações, som...

Seguimos!

Carlos Carvalho

terça-feira, 14 de setembro de 2021

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL -2013

 


A Educação Infantil pode ser compreendida como processo social de troca e interação politicamente organizado (1988) em instituições públicas ou privadas, oferecido ao público dos zero aos cinco anos de idade. Mas, vale lembrar que a infância é o período do ser humano do zero aos doze anos(ECA1990). A educação consiste na troca de saberes entre indivíduos ou grupos de indivíduos. Logo, é um espaço favorecedor da troca entre crianças e adultos, adultos e adultos e crianças e crianças. Ao longo dos tempos tal processo vem sendo cada vez mais estudado e organizado no caso do Brasil, pelo poder público através de muitos documentos. Por isso, será exposto aqui as visões de currículo, criança e o fazer docente da primeira etapa da educação básica diante da resolução nº5 de 17 de dezembro de 2009.

Trata-se de um documento de conhecimento e uso obrigatório por profissionais de Educação Infantil em todo território nacional com o objetivo de fundamentar as práxis diante de projetos pedagógicos, projetos políticos pedagógicos e visões de instituições de educação. Tal resolução foi publicada em 2010 como Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.  E em 2013 como: Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil dentro de uma publicação maior, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL: 2013). Na publicação de 2013 da página 80 até a página 101 o documento aborda assuntos diante dos subtítulos: histórico, identidade do atendimento na Educação Infantil,  a função sociopolítica e pedagógica, uma definição de currículo, a visão de criança, princípios básicos, objetivos e organização curricular, parceria com as famílias, experiências e aprendizagens na proposta curricular e processo de avalição e acompanhamento da continuidade do processo de educação.

Já de início destacaremos das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a página 86, com a definição de currículo da Educação Infantil. Pois, no RCNEI(1998) a abordagem foi focada no conteúdo e objetivo. O cuidar e o educar para a criança deixou evidente que não há como cuidar e educar sem a existência de um currículo. E

O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico. Tais práticas são efetivadas por meio de relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores e as outras crianças, e afetam a construção de suas identidades.

Podemos sintetizar a definição de currículo,  compreendendo currículo como agrupamento de costumes, normas, condutas e hábitos  que fazem parte de uma totalidade cultural, social, histórica, combinados, planejados diante da vivência e dos “saberes das crianças” para balizarem as interações sociais no ambiente formal de aprendizagem.  

Seguimos, de lá das “Diretrizes”(2013), deslocando para cá mais algumas visões e conceitos aos quais não podem faltar neste trabalho. E após apresentar a visão de currículo pensemos a visão de criança. Até porque esse currículo é preparado para atender a esse ser que “é sujeito histórico de direitos que se desenvolve nas interações, relações práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere.”(BRASIL 2013. p. 86). A visão de criança colocada no documento está alinhada com a concepção de criança do RCNEI(1998) quando afirma que a criança

como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca.(RCNEI. 1998: p.21)

 O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil(RCNEI-1998) é um documento de mais de vinte anos. E está sendo citado agora para percebemos a não mudança na visão de criança de um documento para o outro. Sendo tanto a concepção de criança do RCNEI(1998) quanto a da Diretrizes(2013)  uma visão não  inata, não correspondente da pura sementinha de Froebel, não é a “criança que se desenvolve de dentro pra fora” de Pestalozzi, é oposta a visão do sujeito que nasce bom e é corrompido pela sociedade de Rousseau. A visão colocada aqui é do sujeito que aprende e ensina na interação com a natureza e os outros.  Uma vez que para a ideia, visão, concepção de crianças das Diretrizes (2013),

Suas capacidades para discriminar cores, memorizar poemas, representar uma paisagem através de um desenho, consolar uma criança que chora etc., não são constituições universais biologicamente determinadas e esperando o momento de amadurecer. Elas são histórica e culturalmente produzidas nas relações que se estabelecem com o mundo material e social mediadas por parceiros mais experientes. (p.86)

E, para esse ser histórico, social, cultural a proposta curricular precisa considerar as culturais infantis e os espaços, os ambientes formais de aprendizagens. Por isso, docentes de Educação Infantil “necessitam articular condições de organização dos espaços, tempos, materiais, e das  interações nas atividades para que as crianças possam expressar sua imaginação nos gestos, no corpo, na oralidade e/ou na língua de sinais, no faz de conta, no desenho e em suas primeiras formas de escritas.”(p.93). A partir das ações de todas as pessoas profissionais de Educação Infantil balizadas nesses documentos  vislumbra-se chegar, alcançar, atingir  o objetivo,  a finalidade da Educação Infantil interpretada nas Diretrizes(2013) ao citar o Art. 29 da LDB 9.394/96 como “o desenvolvimento integral da criança de zero a cinco anos de idade em seus aspectos físico, afetivo, intelectual, linguístico e social(...)” (p.83) adicionando a atividade, o trabalho da “família e da comunidade”.

Além das concepções de Educação Infantil, currículo, criança, docentes aqui citadas o documento aborda ainda temas como concepções de propostas pedagógicas, objetivos da proposta pedagógica, organização(do espaço-tempo e materiais), proposta pedagógica e diversidade, propostas pedagógicas e crianças indígenas, propostas pedagógicas e crianças do campo, práticas pedagógicas da educação infantil, avaliação, articulação com o ensino fundamental, implementação das diretrizes pelo ministério da educação e o processo de concepção e elaboração das diretrizes.

 

Os documentos de referência foram:

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010.

Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica/Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

 

Prof. Carlos Carvalho 


domingo, 12 de setembro de 2021

REFRENCIAL CURRICULAR NACIONAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL – RCNEI 1998 Resumo volume 1.

 

REFRENCIAL CURRICULAR NACIONAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL – RCNEI 1998

Resumo volume 1.

 

RECNEI volume 1 se trata da introdução.  É um documento no qual “integra a série de documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais elaborados pelo Ministério da Educação e do Desporto.” (p.7). Consiste o documento em auxílio para profissionais docentes no trabalho educativo com a primeira etapa da educação básica (Educação Infantil). Mas, como ele surge? Quem são seus autores? Quais situações se pretende discutir e/ou auxiliar? Bem, para começo de conversa, vamos dialogar com o próprio documento objetivando compreensão sobre o mesmo. Desse modo,

Este documento é fruto de um amplo debate nacional, no qual participaram professores e diversos profissionais que atuam diretamente com as crianças, contribuindo com conhecimentos diversos provenientes tanto da vasta e longa experiência prática de alguns, como da reflexão acadêmica, científica ou administrativa de outros. Ele representa um avanço na educação infantil ao buscar soluções educativas para a superação, de um lado, da tradição assistencialista das creches e, de outro, da marca da antecipação da escolaridade das pré-escolas. O Referencial foi concebido de maneira a servir como um guia de reflexão de cunho educacional sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam diretamente com crianças de zero a seis anos, respeitando seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural brasileira.(p.7)

Elaborado diante de um debate com participação  de profissionais  da práxis e pensadores da educação, o documento se divide em três volumes. São eles o volume 1: introdução (com as definições de cuidar, educar e criança , entre outras); volume 2: intitulado Formação Pessoal e Social “relativo ao âmbito de experiência Formação Pessoal e Social que contém o eixo de trabalho que favorece, prioritariamente, os processos de construção da Identidade e Autonomia das crianças.”(p.9). E volume 3:

Conhecimento de Mundo que contém seis documentos referentes aos eixos de trabalho orientados para a construção das diferentes linguagens pelas crianças e para as relações que estabelecem com os objetos de conhecimento: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática.(p.9)

 Portando busca-se a harmonia, o encontro, uma horizontalidade entre o cuidar e educar diante das práxis das instituições escolares para a criança (mais exatamente os cinco primeiros anos da primeira infância).

Assim sendo, para o RCNEI a criança é

como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca.(p.21)

E é para continuidade de desenvolvimento social, histórico e cultural dessa criança, desse humano sócio-histórico que o documento pensa a harmonia entre o cuidar e educar.

Sendo o Educar uma aquisição de conhecimentos que se dá via processo de interação social, no RCNEI esse educar consiste em:

propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.(p.23)

Por isso, o cuidar na primeira infância também se  faz pela educação  diante de um sentido no qual “A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano.”(p.24). Logo, para o RCNEI (1998)  “Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos.”(p.24).

Ao expor os significados de educar, cuidar e criança no RCNEI Volume 1, podemos ir adiante. Pois, partindo da compreensão desse ser social e histórico que através do processo de interação social será educado e cuidado,  diante das instituições e profissionais de educação se faz necessário expor neste trabalho os objetivos e conteúdos do RCNEI volume1. E por objetivos temos a compreensão de que “Os objetivos explicitam intenções educativas e estabelecem capacidades que as crianças poderão desenvolver como consequência de ações intencionais do professor. Os objetivos auxiliam na seleção de conteúdos e meios didáticos.”(p.47). Assim sendo, de modo mais direto, através de sinônimos, pode ser dito que: o  objetivo aponta, determina, define os propósitos e/ou metas, aponta a finalidade da prática pedagógica, da didática. É o objetivo que  forma/elabora a competência/habilidade, saber/conhecimento que a criança  pode desenvolver, potencializar, produzir, criar a partir de atuações propositais, pensadas por profissionais docentes de educação infantil. O objetivo responde a questão: O que a criança deve aprender?

Mas, para  definir um objetivo diante do currículo, do  planejamento, no âmbito das práxis para o cuidar e educar nos cinco primeiros anos da primeira infância se faz necessário um conteúdo. Pois,  ao pensarmos a palavra conteúdo e seus possíveis significados existindo a possibilidade de ser o conteúdo algo balizador, substancial, é diante dele que todo universo pedagógico existe. Mas, o conteúdo, uma ideia, essência, a alma de um plano pedagógico no qual sem ele não há objetivo e muito menos currículo é encontrado de duas formas no volume 1 do RCNEI(1998).

por um lado, como a concretização dos propósitos da instituição e, por outro, como um meio para que as crianças desenvolvam suas capacidades e exercitem sua maneira própria de pensar, sentir e ser, ampliando suas hipóteses acerca do mundo ao qual pertencem e constituindo-se em um instrumento para a compreensão da realidade. Os conteúdos abrangem, para além de fatos, conceitos e princípios, também os conhecimentos relacionados a procedimentos, atitudes, valores e normas como objetos de aprendizagem. A explicitação de conteúdos de naturezas diversas aponta para a necessidade de se trabalhar de forma intencional e integrada com conteúdos que, na maioria das vezes, não são tratados de forma explícita e consciente.(p.47)

Os conteúdos são classificados diante das “seguintes categorias: os conteúdos conceituais que dizem respeito ao conhecimento de conceitos, fatos e princípios; os conteúdos procedimentais referem-se ao “saber fazer” e os conteúdos atitudinais estão associados a valores, atitudes e normas.”(p.49).

Acabamos de ver que se há conteúdo, parte-se para o objetivo e da relação entre conteúdo e objetivo pode surgir uma proposta de organização pedagógica do espaço e a seleção de materiais a serem utilizados nas práticas educativas. Pensar o espaço de uma possível proposta pedagógica é também pensar além dos muros das instituições de ensino. Assim define-se que

A organização dos espaços e dos materiais se constitui em um instrumento fundamental para a prática educativa com crianças pequenas. Isso implica que, para cada trabalho realizado com as crianças, deve-se planejar a forma mais adequada de organizar o mobiliário dentro da sala, assim como introduzir materiais específicos para a montagem de ambientes novos, ligados aos projetos em curso. Além disso, a aprendizagem transcende o espaço da sala, toma conta da área externa e de outros espaços da instituição e fora dela. A pracinha, o supermercado, a feira, o circo, o zoológico, a biblioteca, a padaria etc. são mais do que locais para simples passeio, podendo enriquecer e potencializar as aprendizagens.(p.58)

Tais espaços, dentro e fora do ambiente formal de educação, diante de uma proposta pedagógica para a educação infantil podem favorecer a troca, a interação social de modo benéfico para o processo educativo, potencializando tanto  estudantes quanto docentes, além de outras pessoas envolvidas indiretamente no processo em locais(formais e informais de educação) aos quais grupos de estudantes e seus orientadores fazem de toda situação uma situação de aprendizagem, educação para as mais variadas disciplinas escolares de acordo com conteúdos que desenvolvam os seguintes objetivos(do RCNEI 1998) para estudantes. Que as crianças possam:

desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;

• descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;

• estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;

• estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;

• observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;

• brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;

O primeiro volume do RCNEI aborda ainda temas tais quais: “A instituição e o projeto educativo” com referências sobre condições externas e internas, ambiente institucional e a formação do coletivo institucional. Pois, essa instituição precisa cuidar do espaço para formação continuada, pensar seu espaço físico e seus recursos materiais para uma versatilidade do espaço. A visão da acessibilidade do espaço não pode faltar. Também caberá ao projeto educativo da instituição refletir sobre os critérios para a formação de grupos de crianças, organização do tempo, ambiente de cuidados.

No âmbito da parceria com as famílias o projeto educativo deve registrar e ter como prática o respeito aos vários tipos de estruturas familiares, o acolhimento das diferentes culturas, valores e crenças sobre educação de crianças, a inclusão do conhecimento familiar no trabalho educativo e o acolhimento das famílias e das crianças na instituição. E, entre esse acolhimento, também se faz necessário “o acolhimento de famílias com necessidades especiais”(p.11).

O volume 1 do RCNEI citado aqui foi consultado em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf no dia 12 de setembro de 2021.

 Carlos Carvalho 

 

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Apresentação do kit Xavier

Olá, 

Sou Carlos Carvalho, professor, pedagogo, músico e escritor, contador de histórias e autor do livro Xavier. 

Livro Xavier

O livro trata da história de um menino que tem imaginação pra dar e vender e brinca com um objeto fazendo rima e sendo sério, fazendo do mistério brincadeira e da brincadeira mistério. Mas, além do livro temos também o caderno de atividades e o boneco cortar, colar, montar. São materiais que estão sendo lançados em 2021 para complementar pedagogicamente o trabalho com o livro


Caderno de atividades: Brincando com Xavier 


É um material que desenvolve habilidades importantes para a criançada. Pode e deve ser utilizado pela família e educadores para crianças dos 0 aos 8 anos(principalmente) e podendo ser adaptado para idades maiores até os 10 anos. Desde que seja dirigido por um adulto o uso pelas crianças mais novas. 


Boneco cortar, colar, montar. 

Pois, podemos encontrar na etapa da educação infantil da BNCC objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que dialogam com o kit Xavier. Entre eles, "para os bebês(0 a 1 ano e 6 meses)": 

(EI01EF03) Demonstrar interesse ao ouvir histórias lidas ou contadas, observando ilustrações e os movimentos de leitura do adulto-leitor (modo de segurar o portador e de virar as páginas).

(EI01EF04) Reconhecer elementos das ilustrações de histórias, apontando-os, a pedido do adulto-leitor.

(EI01EF05) Imitar as variações de entonação e gestos realizados pelos adultos, ao ler histórias e ao cantar.

(EI01EF07) Conhecer e manipular materiais impressos e audiovisuais em diferentes portadores (livro, revista, gibi, jornal, cartaz, CD, tablet etc.).


Já "para crianças bem pequenas(1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)" :


(EI02EF03) Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com orientação do adulto-leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da esquerda para a direita).

(EI02EF04) Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.


(EI02EF09) Manusear diferentes instrumentos e suportes de escrita para desenhar, traçar letras e outros sinais gráficos.


E para "crianças pequenas(dos 4 anos a 5 anos e 11  meses)" o kit Xavier pode contribuir com objetivos como:

(EI03EF03) Escolher e folhear livros, procurando orientar-se por temas e ilustrações e tentando identificar palavras conhecidas.

(EI03EF08) Selecionar livros e textos de gêneros conhecidos para a leitura de um adulto e/ou para sua própria leitura (partindo de seu repertório sobre esses textos, como a recuperação pela memória, pela leitura das ilustrações etc.).


O material do kit (livro, caderno de atividades e boneco) também pode ser apresentado no ensino médio, Curso Normal e no ensino superior graduação e pós-graduação de licenciaturas principalmente das áreas de humanas com o objetivo de ser estudado tecnicamente, analisado  e pensando enquanto texto, ilustrações e demais colocações artísticas diante da sociologia, história, filosofia da educação, por exemplo, além de auxiliar como conteúdo de alfabetização e letramento no  ensino fundamental 1. 

Ah! Quer saber mais sobre  o kit Xavier e a BNCC (para o Ensino Fundamental) ou  como levar essa contação de histórias;  conversa com o autor; comprar o livro ou conhecer melhor o material?

Entre em contato com a gente !!!

Ah! Não deixe de se inscrever no canal #musicaeletramento lá no youtube para assistir Xavierzin e ouvir as músicas do projeto Música & Letramento por lá! 

Xavierzin é uma versão em brinquedo do personagem Xavier da literatura, do livro. O boneco de pano dança, canta, toca instrumentos e contribui no desenvolvimento da criançada através dos vídeos do canal #musicaeletramento no youtube.  


Também podem acompanhar o trabalho pelo Instagram ou facebook do Música & Letramento. 



referências :

basenacionalcomum.mec.gov.br


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

PENSAR NAGÔ e(é) Escola de Funk ?

 


O que Sodré pretende com tal trabalho é colocar um pensamento diante de uma dialogia. Um pensamento no qual se pretende a conversa entre diferentes saberes anulando a régua eurocêntrica de saber. Pois, o autor coloca um pensamento africano que a partir principalmente da religiosidade de matriz africana se reterritorializou nas bandas de cá.


Tal saber se coloca elaborando e reelaborando a existência do pensamento nagô diante de objetos concretos e abstratos da cultura. Sobre isso, a língua enquanto objeto abstrato da cultura mantém viva as experiências nagôs não só nos territórios dos povos nagô, mas também nas diásporas diante do processo de colonizacao/desumanização. Porque para Sodré pensar nagô é “o ato de pensar-vivendo(e não viver pensando), isto é, sem intelectualizar ou fazer do pensamento uma esfera cognitiva à parte da vida comum” (SODRÉ, 2017: 94). Pois, já colocado aqui a não dualidade mente/corpo, matéria/ideia. O que muitas vezes eurocentricamente é visto como separado, no pensamento nagô não se separa, mas se une, se completa no complemantar de interpretação e ações da vida cotidiana balisada na ancestralidade. Uma vez que 

Quando consegue, por intermédio de elaborações intelectivas e afirmativas, a tradição negra insere-se historicamente na formação social brasileira para oferecer, em termos éticos ou religiosos, outra cosmovisão da vicissitude civilizatória do escravo e seus descendentes. (SODRÉ. 2017:172)



O desenrolo do Sodré é vasto. Há muitas trocas. Terá gente para concordar em alguns momentos e discordar em outros momentos da leitura! Mas, aqui pra nós a questão é qual é o desenrolado entre o Pensar Nagô e o Escola de Funk? 

Entendemos o funk como uma linguagem. Mais pra frente a gente vai desenrolando isso melhor. Sendo breve, o que esta sendo chamado pelo Sodré de pensamento nagô atravessou tempos por uma essência de comunicação de toques de tambor e palavras, entre outras subjetividades e objetos culturais que compõe a linguagem. E se a língua, a palavra é espírito de um povo que ainda atualmente existe e resiste à colonização das mentes em seus modos de vida, a música é forma de comunicação ancestral diante de uma cultura histórica capaz de manter a essência dos modos de existir diante da ideia de humano nagô. Pegou a visão? 

É desenrolado que segue! 

domingo, 20 de junho de 2021

BANJO - Música & Letramento

 


Estudando um pouco o banjo, podemos dizer que é um instrumento que está presente nas rodas de samba de todo o país. Conhecido por aqui  como um instrumento de quatro cordas de corpo redondo, ele é  feito com madeira, ferro e couro de animal. Mas, vamos  pensar um pouco também em de onde ele surge, como é tocado e porque se popularizou nas rodas de samba.

Primeiro vale o destaque de que isto é o inicio do início de uma conversa sobre o banjo e  seu universo na cidade  Rio de Janeiro. Porém, é preciso pensar em como nasce esse instrumento, de onde ele vem. Então, sabendo que o continente africano é o berço da humanidade, que tudo e/ou quase tudo  vem de lá, procurei o irmão Fabio Mukanya (https://www.facebook.com/fabiosimoes.soares) do projeto África Sonora (busquem essa página nas redes sociais) pra me passar a visão do ancestral do banjo. Fábio é Músico, escritor, pesquisador e  luthier, faz vários instrumentos de diferentes lugares, países do continente Mãe.

Akoting, instrumento do povo Jola, Guine-Bissau e outros países africanos.

Entre outras coisas, Fábio me falou que faz o Akoting/Ekoting. Estamos desenrolando sobre um  cordofone feito de cabaça e couro com três cordas e não temperado (não tem casas que dividem/definem  notas no braço do instrumento). Não há datas certas sobre a idade do Akoting. Mas, certamente trata-se de um instrumento muito antigo que seria um dos ancestrais do banjo afro-americano.

E falando em música afro no território dos E.U.A., o banjo(ainda não com esse nome)  chegou por lá através de vários instrumentos africanos(ente eles o Akoting)e aos poucos foi se modificando e popularizando. Participando inclusive da criação de gêneros e culturas musicais negras como o Jazz, o banjo se afirmava como um instrumento de referência e origem negra. Mas, sofreu também seu processo de embranquecimento, assim como acontece com alguns ritmos e instrumentos negros nessa “pátria amada hostil”.

Filosoficamente falando(rs!),  pra existir (existência) banjeiro é preciso ter o banjo(matéria) e os conhecimentos(ideias, razão, informações) técnicos específicos do instrumento que o músico vai executar no ato em que estiver em contato com o banjo, existindo como banjeiro!

Mas, antes de tocar o banjo, quem faz banjo no Rio de Janeiro? Bom a dica que deixo aqui é : procurem o músico e luthier Marcio Vanderlei nas redes sociais(https://www.facebook.com/Marcio-Vanderlei-395817050498931 ). Márcio além de ser uma grande referência na arte de tocar o banjo, também faz o instrumento. E nada melhor do que quem toca muito pra saber fazer o banjo da melhor forma possível.

Falando em músicos, quem são aqueles responsáveis por criar e popularizar o banjo carioca nas rodas de samba?

Bom, no documentário “Mussum um filme do Cacildis” de 2019,  Augusto Gomes(filho de Mussum), fala que seu pai ao ver um dos grupos musicais do festival de música na França com um banjo do tipo afro-americano teve a ideia de pensar aquele instrumento sendo usado nas rodas de samba. Então, “ele comprou o banjo chegou pro Almir Guineto e falou Almir toma aqui, toca isso aqui, e eu lembro que ele botou isso em um dos LPs dos Originais e daí o banjo entrou no samba”.

 Assim, o banjo chegaria aqui em território brasileiro e ganharia o braço de cavaquinho e a forma de tocar diferenciada através das ideias de Mussum e Almir Guineto. Seriam esses  os responsáveis pela adaptação do corpo de banjo afro-americano para a “criação do banjo” para o samba! Há quem diga que o banjo já havia sido tocado antes por aqui. Mas, fato é que o  Instrumento que passou rapidamente a ser considerado também um instrumento de percussão, pela importância da batida diferenciada,  com seu som de maior alcance do que o cavaquinho quando tocados acusticamente sem amplificação, ganhou destaque nas rodas de samba pelo timbre grave e pelo não quebrar das cordas com a mesma facilidade que as do cavaquinho, além das formas de tocar dos músicos. 

Por tudo isso, no processo Música & Letramento o banjo é um dos instrumentos principais. Pois, ele é melodia, harmonia e ritmos, instrumento símbolo de resistência da música negra, africana tanto na terra mãe quanto nas diásporas. Tanto que nas bandas de cá, principalmente através da cena musical do samba e pagode do Rio de Janeiro o banjo se espalhou.  

Carlos Carvalho

#banjo

#musicaeletramento

#escoladefunk

#livroxavier

quarta-feira, 12 de maio de 2021

DIA 13 DE MAIO?

 


Para falar do dia 13 de maio de 1888, precisamos voltar um pouco mais  no tempo!

Falar de um pouco antes de 1500, quando os portugueses, homens brancos europeus  sequestraram  os yorubas, os  bantos...  

Vários povos africanos !

Filhos ficaram sem mães, sem  pais...  

Para  “trabalharem” como escravizados, sem salário?

Em um discurso branco de economia e paz.  

Apanhando...  vendidos, assassinados...

Assim chegaram os povos da África mãe continente, na terra chamada hoje de Brasil onde a situação não era nada contente.

Foram anos e anos de luta, resistência, batalhas... 

Os escravizados eram utilizados como força de trabalho.

Por serem especialistas em   mineração,  agricultura...

Mesmo forçados não deixaram de lutar e trouxeram pra cá sua própria cultura

O Brasil antes da Abolição era quase uma explosão de lutas de indígenas, africanos e seus descendentes.  

Contra a escravização e a vacilação vigente “Centenas de revoltas pipocavam em todo o país” !

 Era o povo escravizado lutando por liberdade, buscando ser feliz!

Dessas lutas e revoltas surgiam cada vez mais leis.  Entre elas:

 Lei do Ventre Livre(1871) e dos Sexagenários(1885).

E o povo? Seguia sua luta mais uma vez.  Até que de tanta pressão:  

A lei Aurea é assinada!  “abolindo a escravização”?

E o que será que foi feito depois? Nada? Nenhuma ação governamental foi tomada. 

O fim dessa história não é muito maneiro. Pois, logo depois nada foi feito para que o ex-escravizado virasse cidadão brasileiro!






E o descendente do ex-escravizado? 

Segue sendo marginalizado?

Segue  o luto! 

Segue a luta! 

Segue o eterno 14 de maio? 




Texto: Carlos Carvalho

Fonte: Livro "Nós" do Brasil da autora Roseane Rodrigues

segunda-feira, 29 de março de 2021

#escoladefunk - Abraça o papo aí!

 #escoladefunk - Abraça o papo aí! 


Aí, se liga só! Se eu falasse pra vocês que tem um gênero musical no Rio de Janeiro, criado, gerado nos morros e favelas do subúrbio carioca, pelos negros, descendentes de Reis e Rainhas do continente africano que foram escravizados aqui?!


Se eu falasse ainda que o ritmo é  com batidas fortes, vozes Blacks afinadas, melodias encantadoras, letras inspiradas nas realidades dos lugares cantando dores, amores e o cotidiano de suas compositoras e seus compositores?!

De quê ritmo eu tô falando?

Vou dar mais um papo!  Abraca AÍ! No começo ele era mais feito por preto, pobre da favela que cantarolava ao passar por beco e viela. Sofreu preconceito, seus artistas considerados suspeitos, muitos  foram surrados, assassinados, detidos, presos...


https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51580785



E branco entrou na cena. Aí o ritmo deixa de ser problema pra virar produto nacional, entra na novela, mas, sai da reportagem policial?  Nada mal?! Sei não! Atento ao plano, não me engano!

E vc já se ligo do que estou falando? 

Poderia ser do Lundu, ritmo negro, tocado com tambor, palma de mão,  cantos. Esse,  foi proibido por um tempo mas quando os colonizadores começaram a achar normal, tal gênero musical ganhou o nobre salão  colonial. Legal?! 

O  lundu foi uma das primeiras danças afro-brasileiras a despertar o interesse dos viajantes europeus. Primeiramente, ele foi considerado imoral por causa de seus movimentos, da umbigada: Homem e mulher entrelaçavam os quadris e se tocavam com o umbigo. Mais tarde, o lundu foi atenuado e difamada umbigada foi substituída por um contato apenas insinuado, inspirado no fandango: os dançarinos não entrelaçavam mais os quadris, mas giravam com os braços levantados um de frente para o outro. Assim o lundu passou a ser aceito também pela classe média branca e, aos poucos, foi conquistando espaço nos salões. (NEGWER, 2009:  31).


Mas, blz! Se a gente pensasse  que tal movimento ganhou evidência nos anos 1910, 1920, numa crescente ultrapassando 1940, estaríamos falando do samba. Que inclusive tem várias respostas de compositores e compositoras contra o movimento de embranquecimento. Vejamos uma:



E, ainda no desenrolo sobre o samba e a criminalização...  


pela presença de elementos típicos das religiões e forte expressão africana em seus ritmos e danças, o samba foi considerado um gênero “maldito” no Brasil. No início do século XX, qualquer tipo de manifestação de samba era perseguida por repressão policial, motivada no preconceito racial sofrido pelas camadas mais populares, representadas por negros, vadios e pobres.(FERNANDES & SILVA, 2013: 93)


Mas, estamos falando  aqui  de um gênero que é derivado do som chegado em Pindorama nos anos 1960, 1970... a Black music. Isso mermo mer'irmão! Tô falando do funk !!!
Então se liga aê no que falavam do funk no final dos anos 1980, de acordo com o Lima, no Cadernos Cedes-2002:

Sobre o funk suburbano, Vianna defende que o mesmo é uma festa que se basta, que não serve para nada, não faz sentido fora de si mesmo. Não gera identidade étnica ou racial, não serve para formar novas amizades, valoriza a violência como mecanismo desencadeador de euforia e êxtase, não produz um funk brasileiro comercialmente dinâmico, não reatualiza a memória coletiva popular e negra das favelas e subúrbios cariocas, não faz critica social. 


Bora seguir o desenrolo aqui. Esse ritmo chega com uma mistura, um balanço, um batidão eletrizante saindo das caixas  das equipes de som. Chegou pra ficar nas comunidades do subúrbio carioca  e por aqui (Pavuna, para-pedro, Acari...)  Até as letras de outros idiomas perderem espaço para o "pretugues". Mas, ninguém melhor do que MC Marcinho pra contar essa historia:





Funk da Antiga

Pois até hoje o nosso Funk tá por cima
Ai, que saudade que eu tenho do meu Funk da antiga
Se tu não curtiu os DJs do vinil, então perdeu o melhor Funk do Brasil (2x)

Há muito tempo atrás, surgiu um movimento
Que a cada dia que passava, pouco a pouco, ia crescendo
Um ritmo moderno, e muito maneiro
Surgia assim o nosso Funk, no meu Rio de Janeiro
Oi, vários pancadões internacionais
Surgiram os MC's e vários festivais
E o DJ nos pratos, mandando um squah maneiro
E levando ao delírio os funkeiros

Pois até hoje o nosso Funk tá por cima
Ai, que saudade que eu tenho do meu Funk da antiga
Se tu não curtiu os DJ's do vinil, então perdeu o melhor Funk do Brasil (2x)

Mas o tempo passou,
Tanta coisa mudou,
Várias relíquias que existiam, hoje se acabou
Acabou o festival, acabou a matinê
Até o meu vinil, hoje virou CD
Mas o meu Funk continua abalando
E cada dia que passa, vai se modernizando
A massa da antiga e a nova geração
Humildemente, vem cantando esse refrão


E Eu? Sou alfabetizado e letrado pelo funk dos anos 1990 e 2000 principalmente. Continuo vendo a potencialidade no funk. A potência que me fez ser MC, professor de música, músico, pedagogo, escritor, compositor, estudante, pesquisador(rs)...
Por isso, esse ritmo é escola no Rio. Escola de Funk!!! Ele é  A potência que fez vári@s outr@s MCs chegarem num entendimento de conceito de vida, tá ligado?!

E Hoje, é 150bpm o bagulho! E o funk continua sendo o funk, pois quanto menos a gente se separa, menos covardia vão meter na nossa cara! 

Ah! Pra não dizer que to inventando coisa, abraça as fontes aí! 




1.             NEGWER, Manuel. Villa-lobos: o florescimento da música brasileira. São Paulo. Martins Martins Fontes. 2009.

2.             FERNANDES, Otair; SILVA, Edna Inácio Silva e.(org). Frutos da terra: sambas e compositores iguaçuanos. Rio de Janeiro, UFFRJ/Evangraf, 2013.

3.             CADERNOS CEDES. Educação, adolescência e culturas juvenis: diferentes contextos. São Paulo. Cortez. 2002.

 


domingo, 15 de novembro de 2020

M&L, Xavierzin e Escola de Funk on-line



Na manhã do dia 5 de outubro de 2020, convidado pela equipe de gestão do EDI Ana de Barros, Bairro de Coelho Neto, zona norte do Rio de Janeiro, rolou a ação educativa Música & Letramento Show para profissionais da educação, criançada e toda comunidade escolar. As pessoas puderam acompanhar o encontro ao vivo pela página do facebook da unidade escolar. 

Destacamos que todos os cuidados de proteção para evitar aglomeração diante do contexto da pandemia do covid19 foram devidamente tomados. Pois, a equipe do M&L foi reduzida a somente um profissional e na unidade escolar somente duas pessoas auxiliaram diretamente o projeto para a organização e transmissão da atividade acontecer. Os profissionais da escola estavam o tempo todo de máscaras e o álcool em gel acabou fazendo parte do cenário também. 

A última contação de história do projeto em 2020 tinha acontecido no início de março. Logo depois disso, os trabalhos ficaram mais restritos aos compromissos de aulas on-line por aplicativos e quatro lives para profissionais da educação que aconteceram em junho, junlho, agosto e setembro, além de gravações de programas em áudio e planejamento das ações. 


A atividade começou com o bom dia no ritmo do rap e participação da galera que acompanha ao vivo. Na sequência aconteceram atividades no rimo do samba e pagode, apresentação de instrumentos, confecção de instrumentos e encerrou com atividades do Escola de Funk. 

Foi um formato diferenciado. Porém de ótima participação do público que mesmo na distância trocou uma boa energia para a atividade acontecer da melhor forma possível. Pois, quem já participou de nossas atividades sabe que ela só acontece porque a criançada e comunidade escolar em geral participa. E é isso que faz com que a atividade aconteça. 

#escoladefunk
#livroxavier
#musicaeletramento



 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Escola e comunidade escolar - Pprt Educação 2




Nos dias de hoje pensar escola e comunidade escolar é importante pra caramba para aumentar os jeitos de evitar vacilação na prática docente, na vida de educador/a. Pois, sendo (ou devendo ser) a escola o lugar, o símbolo (semiótica) da educação formal, e  a comunidade escolar uma pequena amostra da sociedade,  estamos na verdade falando de educação e sociedade. Ser educador/educadora e não pensar/estudar/pesquisar/refletir e nem trazer para discentes o mínimo sobre essas ideias pode nos deixar cada vez mais distantes de atitudes educativas comprometidas com uma não excludente, não preconceituosa, decolonial.

Mas, pra continuar esse papo precisamos saber que a

escola é o lugar determinado do sistema social onde se reconstitui o movimento de produção do conhecimento, mas sempre como um efeito das relações de classe. A língua nacional ensinada na escola não escapa ao jogo das diferenças de classes, na forma de conflitos linguísticos (práticas contraditórias da linguagem), disfarçados pela suposta uniformidade do idioma pátrio. (SODRÉ. 2012: 25)

Bora pensar na ideia de escola aqui apresentada? Sodré tá colocando na nossa cara aí a escola como reprodutora das desigualdades sociais. Em outros termos, seria uma escola cheia das vacilações – isso se a gente pensar essa história de que desigualdade social é herança de uma invasão aí que teve por aqui tem uns 500 e poucos anos, mais ou menos. Vocês concordam com o professor Muniz Sodré? Caso sim, é essa escola que vocês “querem estar atuando” (seja como docente, tia/tio da cantina,  merendeiras e merendeiros, auxiliares de limpeza e serviços gerais, porteiro/a, discente, equipe de gestão,  secretariado, responsáveis de educandos)?

Bom, enquanto a gente pensa a definição de escola como reprodutora das desigualdades sociais já vamos avançando no desenrolo pra entender legal a comunidade escolar. Galera, comunidade escolar é noixxxx! Geral! Tipo, todos/as que foram citados/as entre parênteses no parágrafo anterior, se ligô? Vou copiar e colar aqui:

(...)docente, tia/tio da cantina, merendeiras e merendeiros, auxiliares de limpeza e serviços gerais, porteiro/a, discente, equipe de gestão,  secretariado, responsáveis de educandos (texto do final do parágrafo anterior, se ligô? Rs!)

Desenrolado aí o que é escola e comunidade escolar, bora seguir. Mas, não dá pra continuar sem relembrar o que é educação e já que a conversa é sobre escola também é preciso saber o que é ensino formal.

Sobre educação Brandão(2013) vai dizer que a é a forma usada pelo ser humano “para formar guerreiros ou burocratas”. E Paulo Freire  já vê  como um jeito de interferir no mundo que tanto pode manter a ideologia dominante quanto pode ser contra essa ideologia. Mas,  para nós? O que é educação? Pensemos e vamos seguindo. Já para ampliar um pouco mais basta dá uma chegada nesse link :

https://carloscarvalhomel.blogspot.com/2020/01/pprt-educacao-pra-quem.htm

Adiantando aqui, quem acessou o link entendeu que o conceito, a ideia de educação (escolar) exposta por Brandão(2013) significa  a reprodução das aprendizagens sociais. Tipo assim: a educação tá no mundão e quando começa a pensar espaços próprios surge a escola e a pedagogia. E, se tem escola e pedagogia (ciência da educação), tem também ensino formal ou educação formal.

Maneiro, conceituamos escola, educação, pedagogia, ensino formal ...

Mas, na prática o que fazer com essas informações?

Bora lá gente! Vamô junto desenrolar agora o seguinte: Chegou a hora de tomarmos uma decisão. O que fazer com tudo isso na prática depende de que decisão a gente vai tomar. Num papo bem reto e breve, sem grandes “teorizações”, já deu pra se ligar a educação serve para “formar guerreiros ou burocratas” e/ou  para manter ou ir contra uma ideologia dominante ou a favor da mesma. Aí alguém pode meter um “E daí?” Rs!  Pode ! Pode sim! Mas, vamos mentalizar umas coisas! Quem é guerreiro na sociedade de hoje e quem é burocrata? O  que pode ser a ideologia dominante na sociedade de hoje? Pensemos educadorxs!!!

Depois de pensarmos bastante aqui, poderíamos, por exemplo, nos decidir por ter um compromisso com ações educativas comprometidas, não preconceituosa, decolonial...

Nesse pik!  Vou jogar uma lanterninha aqui mas procurem saber. Se liga! Porque

Persiste ainda hoje a utopia civilizatória da Europa. Após cinco séculos de colonização da América, os europeus - diretamente ou por meio das elites nacionais mediadoras,  atualmente secundadas pelas elites dos meios de comunicação – continuam  reproduzindo o discurso de enaltecimento de seus valor universalista como garantia da colonialidade do poder.(SODRÉ 2015: 38)

Depois da afirmação de Paulo Freire sobre educação e dessa explicação de Sodré sobre colonialidade do poder da pra entender, pensar, relacionar, perceber quem faz o currículo do ensino formal e pra que ele é feito?  Aí, é só ler mais um pouquinho(quanto mais melhor) e fundamentar as práticas. Se tiver atento/a, na atividade,  uma vez que a pessoa formada em pedagogia é cientista educacional, vai buscar cada vez mais para minimizar os vacilos e andar de acordo com uma educação que não fortaleça esse modelo de sociedade que estamos “assistindo” agora.  Ah ! Mas para a escola não ser excludente e ser decolonial ela precisa de pessoas que pensem(ou procurem pensar) e tenham ações de acordo. Certo? Certo!

Exemplo simples? Muitos educadores e educadoras e escolas por todos os lugares do mundo continuam dando folhinha, capas de provas e outros “trabalhinhos” quase que 100% para discentes pintarem um desenho pronto. Legal! Mas, já parou pra pensar que o mundo não está pronto? Que a sociedade está em constante mudança? Que pode e deve entregar uma folha branca, vazia? Tem uma galera querendo manter umas tradições e outras querendo caminhar e aprender com o novo (isso é papo de sociologia, sujeitos de identidades) e no meio disso tudo tem a escola. E é aí que a gente, o nosso corpo, a nossa fala, a nossa prática, nosso estudo, nosso embasamento entra. Exemplo vivo disso está aqui:

https://carloscarvalhomel.blogspot.com/2019/09/eugenia-e-monteiro-lobato-literatura.html

Tem gente querendo manter a leitura de um famoso escritor sem repensar as práticas desse escritor. “Ah tu quer cancelar o M...” Não precisa cancelar. Faz a leitura crítica com a molecadinha! Mas, deixar ler  e deixar passar batido não dá! Clica aí no link pra se ligar no papo!

E outra! É dever da nossa profissão, repensar as paradas direcionadas pra educação!  Por isso, vídeos como o do link abaixo são necessários!

https://carloscarvalhomel.blogspot.com/2020/09/xavierzin-em-independencia.html

Datas comemorativas!!! É tenso! Sempre tenso. Quase sempre homenagens, comemorações, muita festa... e reflexão sobre o tema da data?  Dia da independência, dia do índio, dia das mães, dia do... GENTE!!! Vai passando tudo batido sem reflexão nenhuma e com pinturas prontas? Calma! Se nós não começamos a fazer o debate das datas em sala de aula, dá pra começar agora! Sempre é tempo! Se sua próxima aula e depois que você ler esse texto, vai lá! Chama a molecadinha nas conversas! Pergunte, queira ouvir estudantes, saber o que pensam!

Durante muito tempo várias versões e visões muito parecidas de uma mesma história foram e continuam sendo contadas. Vamos aproveitar outras narrativas para repensar o processo? Ou vamos continuar fingindo que outras narrativas não existem? 

A escola, aquela do ensino formal, da educação que criou a pedagogia,  precisa ouvir e orientar, trocar ideias com sua comunidade escolar sobre os tempos atuais para decidir se a identidade do seu projeto Politico Pedagógico vai formar guerreiros ou burocratas? Pois,

A falta de escuta ou de acolhida à inquietação do estudante, assim como a falta de respeito à diversidade de saberes dispostos no horizonte do educando, é um obstáculo ao mesmo tempo técnico e ético ao advento da criatividade no interior do processo educacional. (SODRÉ. 2012: 152)

Então “tropa”, o chamado é para a criatividade docente, para a ética, o respeito. Se não fazemos, que tais praticas comecem agora! Se já fazemos, precisamos continuar!  Uma boa citação do grande escritor Lima Barreto  pra pensar tudo isso é “o Brasil não tem povo, tem público”.  Queremos ter/ser  povo ou público? Essa educação que temos na mão(temos?) é pra quem? E, pra terminar, a escola reflete na comunidade escolar ou a comunidade escolar reflete na escola?  Bora reinventar?!

 

Referências:

 

1.             SODRÉ, Muniz. Reinventando a educação: diversidade, descolonização e redes. Petrópolis, RJ. Vozes. 2012.

 

 #musicaeletramento